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Em dia de estreia da III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA, Djam Neguin apresenta a sua performance na Gulbenkian

28 de Março de 2025


On the Opening Day of the 3rd PROCULTURA Resident Artists Showcase, Djam Neguin Performs at the Gulbenkian Foundation

Between 2020 and 2022, Cape Verdean artist Djam Neguin was one of the recipients of the PROCULTURA international mobility grants, which enabled him to attend artist residencies with dance companies in Portugal. As he takes the stage at the Gulbenkian Foundation, we reflect on his journey and the significance of the residency experience in shaping his artistic practice.


Le jour de la première de la IIIe Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA, Djam Neguin présente sa performance à la Gulbenkian

Entre 2020 et 2022, l’artiste cap-verdien Djam Neguin a été l’un des lauréats des bourses de mobilité internationale du programme PROCULTURA, ce qui lui a permis de participer à des résidences artistiques au sein de compagnies de danse au Portugal. Le jour où il monte sur la scène de la Fondation Gulbenkian, nous revenons sur son parcours et sur l’importance de l’expérience des résidences dans sa pratique artistique.


Entre 2020 e 2022, o cabo-verdiano Djam Neguin foi um dos artistas premiados com bolsas de mobilidade internacional PROCULTURA, que o levaram a frequentar residências artísticas em Companhias de Dança em Portugal. No dia em que sobe ao palco da Gulbenkian, recordamos o seu percurso e a importância da experiência das residências na sua prática artística.

Bruno Amarante nasceu em 1992 na Praia, em Cabo Verde, mas é sob o nome de Djam Neguin que tem espalhado a sua arte pelo mundo, sendo, atualmente, uma das mais destacadas e revolucionárias figuras da cena artístico-cultural cabo-verdiana. Artista multidisciplinar com uma trajetória singular tanto nas artes cénicas – dança, teatro, música, performance – como nas artes visuais – cinema, videoarte –, na literatura e na moda, Djam Neguin tem também relevante experiência como produtor, curador, formador e ativista. Ao olhar para o seu trajeto, recorda que esta inquietação artística o acompanha desde a infância e revela que o seu interesse pela arte não só “é bastante eclético, como, muitas vezes, é também antiético”. Mas voltemos ao início…

Natural da cidade da Praia, Djam Neguin mudou-se aos 9 anos para Portugal, onde viveu até aos 19. Frequentou as licenciaturas de Teatro, na Escola Superior de Teatro e Cinema; e Línguas, Literaturas e Culturas (Estudos Cabo-verdianos e Portugueses), na Universidade de Cabo Verde, cidade para onde voltou em 2011. A partir desse momento, Djam marcaria de forma muito significativa o movimento artístico do país. Diz que a arte lhe permite “criar novas possibilidades de existência” e a verdade é que ele tem dado ao público a oportunidade de assistir a todas essas suas existências: coreografou os maiores eventos nacionais; foi presidente da Associação de Dança «Kriol Dance Movement»; criador da «Rede de Dança CPLP» e do Festival Internacional de Dança Contemporânea «Kontornu»; embaixador oficial da campanha da Presidência da República «Menos Álcool, Mais Vida»… o currículo é extenso.

Em 2020, uma bolsa de mobilidade do PROCULTURA levou-o a Braga, para participar no programa de residências artísticas internacionais nas áreas da música e artes cénicas. Durante várias semanas, Djam desenvolveu o seu solo «Mornatomia» na Companhia de Dança «Arte Total» e essa foi uma experiência transformadora.

“A oportunidade proporcionada pelo PROCULTURA foi um ponto de partida essencial para o ciclo de criação que denominei «CVFuturismo», onde procuro estabelecer um diálogo entre a ancestralidade e a especulação futurista, que se tornou no eixo central da minha pesquisa artística.”

Djam orgulha-se de dizer que, de volta a Cabo Verde, o seu espetáculo “recebeu amplo reconhecimento a nível nacional” e consolidou a sua abordagem experimental dentro da cena artística cabo-verdiana. Em 2022, voltou a ganhar uma bolsa de mobilidade de artistas PROCULTURA, desta vez para frequentar uma residência no CAMPUS Paulo Cunha e Silva durante o «DDD – Festival Dias da Dança», no Porto, onde desenvolveu «NaNá», um solo, que, até hoje, continua a apresentar em palcos de todo o mundo.

“As residências artísticas do PROCULTURA não só impulsionaram o desenvolvimento da minha prática artística, como tiveram um impacto direto na circulação e reconhecimento do meu trabalho para além das fronteiras de Cabo Verde, consolidando-o no circuito internacional.”

Com um intenso percurso internacional, Djam Neguin já apresentou as suas criações e lecionou workshops em cidades como Nova Iorque, Los Angeles, Paris, Madrid, Barcelona, Bogotá, Maputo, Brasília, Fortaleza, Dakar, Lisboa, Roterdão, Luanda e Lausanne. Apesar da vasta experiência em palcos internacionais, Djam revela que uma das maiores aprendizagens que levou das residências artísticas foi compreender a importância de criar espaços para o florescimento artístico dentro do seu próprio território.

“Percebi que Cabo Verde precisa de um oásis cultural, um espaço onde os artistas possam experimentar, inovar e estabelecer diálogos com outras práticas contemporâneas. E esse é um dos legados mais importantes que trago das residências PROCULTURA: a convicção de que a arte deve ser um fluxo constante de trocas e crescimento mútuo.”

Para 2025, para além da coordenação da Rede de Festivais de Artes Performativas de Cabo- Verde e da presença no Comité Internacional de dança da UNESCO, Djam está focado na realização da terceira edição do Festival «Kontornu», do qual é o atual diretor, e na montagem do seu solo «Amílcar», que ganha especial significado no contexto da celebração dos 50 anos da independência de Cabo Verde.

Djan Neguin é um dos artistas que sobe ao palco no primeiro dia da III Mostra de Artistas Residentes PROCULTURA. Esta sexta-feira, 28 de março, traz à Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o espetáculo «Txabeta», o terceiro capítulo da série de criações «CVFuturismo», em que investiga as danças e os géneros musicais tradicionais cabo-verdianos a partir de uma perspetiva futurística.

O PROCULTURA é um projeto financiado pela União Europeia, que é gerido e cofinanciado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e conta também com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian. Dispõe de um orçamento de 19 milhões de euros e tem como objetivo contribuir para a criação de emprego em atividades geradoras de rendimento na economia cultural e criativa nos PALOP e em Timor-Leste.

 

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